Eliaquim não era uma má pessoa, mas vivia insatisfeito com
sua vidinha tranquila e pacata.
–Vou em busca da felicidade! Pensou consigo. Em seguida,
reuniu a mulher e os filhos ainda pequenos, e disse:
– Estou farto dessa vida, sou muito infeliz, vou embora, em
busca da felicidade! Aqui eu sei que ela não está; adeus! (Sem olhar atrás,
partiu em busca da tão sonhada felicidade).
Os anos se passaram, mas Eliaquim não desistia, continuava
na sua busca: de cidade em cidade, de vilarejo em vilarejo e, fazendo um
trabalho aqui outro ali, ia se mantendo. Até que um dia, com pouquíssimo
dinheiro, deitou-se no banco da praça de uma cidade. Pela madrugada, dois
assaltantes lhe deram uma pancada na cabeça para lhe roubarem; ao despertar
pela manhã, não se lembrava de nada, havia perdido a memória e o único
documento que possuía. Só se lembrava de seu primeiro nome e que estava em
busca de algo, talvez a felicidade.
Passado algum tempo, chegou a uma outra cidade que lhe
pareceu muito agradável e aconchegante. Caminhando sem destino, chegou a um
bairro humilde e parou diante de uma pequena casa, bateu na porta e ao ser
atendido por uma mulher disse:
– Senhora! Sou viajante, necessito de trabalho e vejo que
sua casa carece de reparos, se quiser posso fazê-los, cobro muito barato.
– Gostaria muito, mas sou uma mulher sem marido e com dois
filhos para criar, somos muito pobres e não podemos pagar.
– Posso trabalhar pela comida e pelo pouso. Responde
Eliaquim.
– Sendo assim, está combinado, pode começar agora mesmo.
Por alguns dias esteve trabalhando naquela casa e ao
observar a mulher de mãos dadas com os filhos e agradecendo a Deus por todos os
seus benefícios, apesar da vida de dificuldades que levava, pensou: – Que
mulher maravilhosa, e que filhos! Se essa extraordinária mulher aceitasse ser
minha esposa certamente eu seria o homem mais feliz do mundo e a minha busca
terminaria aqui; afinal, esta foi a cidade mais aconchegante que eu já
encontrei. Mas que é isso que estou pensando! Um “Eliaquim ninguém” como eu!
Mas, enfim, criou coragem e após tecer-lhe alguns elogios,
fez o pedido.
Então, a mulher lhe disse:
– Vá até a barbearia mais próxima, corte o cabelo, tire a
barba e eu lhe darei a resposta.
Ao voltar da barbearia foi recebido pela mulher que, cheia
de alegria, o convidou a entrar em seu quarto e em seguida lhe mostrou um velho
álbum de fotografias dizendo:
– Antes de abrir este álbum olhe-se no espelho!
Após olhar-se no
espelho, abriu o álbum de fotografias e, espantado, gritou dizendo:
– Mas este aqui em todas estas fotos sou eu! Agora me
lembro, minha memória voltou! Que tolo eu fui, desprezei os maiores tesouros da
minha vida em busca de uma ilusão! A felicidade sempre esteve a meu lado, mas
eu não a sentia, estava cego pelo meu egoísmo. Tive que rodar quase meio mundo
e perder muitos anos para descobrir que a felicidade sempre esteve ao meu
alcance!
Voltando-se para a mulher lhe diz:
– Querida, você e as crianças podem me perdoar?
– Claro que sim, nunca desistimos de você e sempre estivemos
a sua espera. Venha! Vamos contar a eles.
A felicidade nem sempre está nos longínquos lugares que
idealizamos e tampouco no acúmulo de bens materiais, ou posições elevadas que
alcançamos, mas está dentro de nós e precisa ser desenvolvida e conquistada,
consiste no estilo de vida que levamos, em como a vemos e também entre as
pessoas com as quais convivemos.
A própria comunhão com Deus e compreensão de seu plano de
salvação em seu infinito amor por nós, já nos proporciona uma grande
felicidade. Neemias, o profeta bíblico da restauração, dizia: “A alegria do
Senhor é a vossa força”.
(Retirado do livro: -PARÁBOLAS FÁBULAS E ESTÓRIAS QUE EDIFICAM A ALMA - ).