Coabitou Adão com Eva, sua mulher. E então concebeu e deu à luz a Caim. Depois, deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador. No dia em que deviam trazer as ofertas ao Senhor, Caim trouxe alguns dos produtos da terra e os apresentou a Deus em oferta. Abel, por sua vez, pegou o primeiro e o melhor cordeiro nascido no seu rebanho, matou-o e ofereceu-o em sacrifício a Deus. Agradou-se o Senhor Deus de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o Senhor:
– Por que você
anda irado, e por que descaiu o seu semblante?
– Se você agir e se comportar bem, não é certo que será aceito? Se você
tivesse feito o que é certo, estaria tranqüilo; mas você agiu mal, e por isso o
pecado está à porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você pode e precisa
vencê-lo.
Disse o Senhor
Deus a Caim: – Onde está Abel, teu irmão?
– Ele respondeu: – Não sei, acaso sou eu protetor de meu irmão?
E disse Deus:
– O que você fez? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim.
Caim é o
exemplo clássico da religião humana que se opõe a Deus e procura inventar a sua
própria, conforme seu conveniente pensamento, interesse e ideologia. Por inveja
e por permitir que a maldade enchesse seu coração chegou a matar seu próprio
irmão que era justo e temente a Deus.
(Posteriormente
esta se tornou uma das características de várias religiões inventivas;
perseguir e até matar seus semelhantes em nome de Deus).
Subjetivamente
entendemos que tanto Abel como Caim foram instruídos por Adão seu pai, sobre a
forma correta de se adorar a Deus, e que ofertas e sacrifícios pelo pecado só
poderiam ser realizados através de um cordeiro, e jamais com produtos da terra.
Ao sacrificar o cordeiro, teriam através deste ato, pela fé viva e graciosa, os
pecados perdoados e ainda assim declarar que criam no poder remidor de Cristo,
o cordeiro de Deus que um dia viria a este mundo, assumindo forma humana, a fim
de reconciliar o homem com Deus; ensinando, assim, às gerações posteriores a
verdadeira conduta para se cultuar e adorar ao Criador, conforme o primeiro
homem fora instruído pelo próprio Deus.
Caim, ao oferecer os frutos da terra como sacrifício; e não
um cordeiro, conforme instruções recebidas; instituía a rebeldia contra o
mandamento oral de Deus, e estabelecia uma nova religião, nascida de uma mente
humana aliada e inspirada pelo maligno; negava a fé no Messias, que é o
cordeiro de Deus que redime o homem de todo o pecado.
Não sacrificando o cordeiro, que era também um ato profético,
que anunciava e alimentava a esperança da vinda do Cristo de Deus a este mundo,
aspirava também, guiado pelo maligno, bloquear o projeto salvífico de Deus à
posteridade humana através da expiação de Cristo; que é o perdão dos pecados
daqueles que se arrependem e os confessam; acompanhado da reconciliação com
Deus, através do sacrifício de uma vítima inocente (cordeiro). No Antigo
Testamento, desde o livro de Gênesis; a vítima era um cordeiro, figura e
símbolo do Cristo crucificado.
A religião de
Caim foi a primeira religião inventiva sobre a face da terra. São João,
apóstolo, sobre Caim nos adverte: “Não segundo Caim, que era do Maligno e
assassinou o seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más,
e as de seu irmão, justas”.
Por inveja e provavelmente por medo
de que a primeira e verdadeira religião se propagasse e encontrasse guarida nos
corações humanos, Caim mata seu irmão e sai da presença de Deus, fundando e
inaugurando assim uma nova religião humanista e falsa. Caim foi o primeiro
satanista da terra, (São João, o apóstolo, diz que ele se tornou do maligno e
não pertenceu mais a Deus) esta conduta foi escolha sua, apesar de até mesmo
Deus ter intentado demovê-lo de sua atitude calamitosa; mostrando-lhe até quais
seriam as consequências negativas de seus atos sobre a sua própria pessoa.