Públio
Lêntulus, segundo a tradição histórica e eclesiástica, era um oficial de Roma
que atuava na província da Judéia no tempo de Tibério César, e que
impressionado com a personalidade marcante e inconfundível do Homem de Nazaré,
envia uma carta ao Imperador romano descrevendo o retrato falado de Jesus
Cristo. (A versão da carta que temos hoje foi composta de diversos fragmentos
de diferentes origens). Quinto Septímio Florente Tertuliano (160-220), jurista
romano, e um dos mais nobres entre os vários teólogos do cristianismo
florescente, teceu comentários sobre esta carta que possui o seguinte teor:
Lêntulus,
presidente de Jerusalém, ao senado e ao povo romano, cumprimentos. Sabendo que
deseja conhecer quanto vou narrar. Existe nos nossos tempos um homem, o qual
vive atualmente, de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado
profeta da verdade e os seus discípulos dizem que é filho do Deus criador do
Céu e da Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado;
em verdade, cada dia se ouve coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os
mortos, cura os enfermos; em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é
muito belo no aspecto. Há tanta majestade em seu rosto, que aqueles que o vêem
são forçados a amá-lo ou a temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem
madura, distendidos até às orelhas e das orelhas até às espáduas, são da cor da
terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os
cabelos, na forma em uso nos Nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito
sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e
a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não
muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem
os olhos graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto
como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque
quando resplende, apavora, e quando ameniza faz chorar; faz-se amar e é alegre
com gravidade. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os
braços e as mãos muito belos; na palestra contenta muito, mas o faz raramente
e, quando dele alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença e
na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua
mãe, a qual é de uma rara beleza; não se tendo jamais visto, por estas partes,
uma donzela tão bela. De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém;
ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem
coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença,
falando com ele, tremem e admiram. Dizem que tal homem nunca fora ouvido por
estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais,
tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm
como Divino, e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de sua
Majestade. Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao
contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele
recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo,
aquilo que sua majestade ordenar será cumprido. Salve. Da sua majestade,
fidelíssimo e obrigadíssimo. Públius
Lêntulus, presidente da Judéia.
Isaías,
um príncipe de Israel que foi sagrado profeta do Altíssimo, teve uma visão do
Cristo sofredor mais ou menos 800 anos antes de seu nascimento; onde descreve
seu martírio em direção ao calvário. Sua narrativa é impressionante; e cheia de
detalhes, onde ele nos revela o retrato do Cristo salvador todo desfigurado
pelos pecados da humanidade. Tal escrito é tão intenso e claro que quando o
lemos na íntegra, somos impelidos a visualizar com o escritor, cada detalhe do
ocorrido. Nesta visão ele nos revela como o filho unigênito de Deus foi
rejeitado e desprezado quando foi preso pelos guardas do templo, e depois,
pelos romanos; e como suportou dores e sofrimentos sem fim, tornando-se como
alguém que não queríamos ver; e que quando ele estava desfigurado na cruz, nós
nem mesmo olhávamos para ele e até o desprezávamos, pois naquele estado não
tinha beleza e nem aparência. No entanto, era o nosso sofrimento que ele estava
carregando, e a nossa dor que ele estava suportando. E nós pensávamos que era
por causa das suas próprias culpas que Deus o estava castigando, maltratando e
ferindo. Porém, ele estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo
penitenciado por causa das nossas iniqüidades. E desde então nós somos curados
pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu.
Todos nós éramos como ovelhas que se haviam perdido; cada um seguia o seu
próprio caminho. Mas Deus por amor a nós penitenciou o seu filho ao invés de
nós; fez com que ele sofresse o castigo que nós merecíamos. Ele foi maltratado,
mas agüentou tudo humildemente, e não disse uma só palavra, ficou calado como
um cordeiro que vai ser morto, como uma ovelha quando cortam a sua lã. Ele
suportou tudo de comum acordo com o Pai celestial. E para nos mostrar o caminho
da salvação, aceitou ser aprisionado e condenado à morte. Foi crucificado e
morto por causa dos pecados dos homens, afim de que todo aquele que olhar para
Ele seja salvo, pois foi o único ser santo e perfeito que viveu entre nós. (Retirado do livro: -PARÁBOLAS FÁBULAS E ESTÓRIAS QUE EDIFICAM A ALMA - ).
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